Feira de Economia Solidária

De 8 a 11 de novembro será realizada a IV Feira Mineira de Economia Solidária e Agricultura Familiar, em Belo Horizonte. O evento, que ocorrerá na Serraria Souza Pinto e se integrará às atividades da TEIA 2007, vai reunir produções e projetos de cooperativas, da sociedade civil organizada e do Estado, oriundas das diversas regiões de Minas Gerais e de algumas ações no âmbito nacional. Estarão à venda produtos como artesanato, bijuterias, decoração, artigos de cama, mesa e banho, colchas de retalho, enfeites para casa, calçados, bolsas, presentes de natal, brinquedos, quitandas, comidas típicas, entre outros itens.
A representação das regiões mineiras através dos empreendimentos, dividida por espaços próprios para cada região, será representada como parte de um trem, mote desta feira. Serão treze vagões para os expositores das diversas regiões, além de cinco vagões temáticos: vagão do cuidado humano; do cuidado ambiental; das redes e cadeias produtivas; das assessorias e entidades de apoio; e dos gestores públicos.
Organizada pelo Fórum Mineiro de Economia Popular e com apoio do Programa de Promoção do Comércio Justo e do Consumo Consciente da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes) do Ministério do Trabalho e Emprego, a feira está inserida na rede nacional de feiras de economia solidária, e espera-se um público, neste edição, de cerca de 15.000 visitantes. Feira semelhante, realizada na TEIA em 2006, mas com caráter nacional, teve como resultado um volume de negócios em torno de 6 milhões de reais, de acordo com informações da Senaes.
Para Cristiane Pereira dos Santos, coordenadora do Programa, a interface entre o campo da Economia Solidária e os Pontos de Cultura é intensa. “Uma parte muito grande da produção da economia solidária é artística, por ser composta de artesanato, de manufaturas, inseridas num ponto de vista que valoriza as ações humanas e colaborativas, em contraposição à mentalidade da produção que visa única e exclusivamente o lucro”, diz a gestora. Hoje diversos Pontos se enquadram como empreendimentos de economia solidária.
Estações
Complementando a metáfora do trem, a feira contará com quatro espaços temáticos de vivência: uma Estação Digital, organizada pelo Projeto Casa Brasil, com 25 computadores conectados à Internet e formação em Software Livre / Linux; uma Estação da Roça, que será uma praça de alimentação com comidas típicas de Minas Gerais e oriundas da Economia Solidária; uma Estação Cultural, com apresentações artísticas e culturais, inclusive da Mostra Arte Viva; e uma Estação de Recreação e Lazer com atividades ligadas à cultura popular, brincadeiras de roda, cirandas, leituras, e espaço para descanso.
A estas estações se juntarão outros quatro espaços de integração: Baldeação, que será um espaço para divulgar ações de Troca Solidária, Mercado de Trocas, Ecobanco, Moeda Social, Finanças Solidárias, Bancos Comunitários, Microcrédito e Fundos Rotativos; Ciranda Solidária, espaço para realizar oficinas, palestras, rodada de negócios e atividades de formação em Economia Solidária; Cinema, um espaço onde serão reproduzidos filmes sobre Economia Solidária, inclusive produções institucionais; Rádios Comunitárias, um espaço para que as rádios comunitárias divulguem seus trabalhos e se integrem e cubram a feira.
Economia Solidária no Brasil
De acordo com a Senaes, hoje há no Brasil cerca de 20.000 empreendimentos de economia solidária, responsáveis por algo em torno de 2 milhões de empregos diretos. São grupos de pessoas que se agregam, para confecção de produtos como instrumentos musicais, CDs, artesanatos em geral e utensílios domésticos diversos, geralmente sob um regime de cooperativas.
De acordo com Santos, a eliminação do atravessador, responsável pela venda dos produtos produzidos em comunidades, mas que não ajuda em sua produção, assim como do lucro privado do capitalista, faz com que as pessoas tenham uma renda maior, vinda da simples eliminação da mais-valia, argumento que tem se mostrado muito positivo para a formação de novos empreendimentos. “Na Cultura, por exemplo, o capitalista existe na figura da Indústria Cultural, que, além de se apropriar do lucro, seleciona a partir de um critério subjetivo. Mudar isso é um processo de convencimento, pois vivemos uma ‘cultura do patrão’ muito forte e que valoriza em demasia o salário no fim do mês”, afirma.
Hoje, a discussão sobre o tema envolve cerca de 40 órgãos federais, de ministérios a estatais, que fomentam atividades de Economia Solidária, fora diversas iniciativas estaduais e municipais. Além das pequenas iniciativas que atuam na produção de artesanato ou música, algumas das quais tocadas por Pontos, empresas falidas e geridas por assembléias de funcionários compõem o desenho atual deste campo novo e fecundo, caracterizado pela concepção de que há alternativas à produção que visa o lucro máximo e à competição no mercado. “Um conceito importante e que deve ser considerado nesse paradigma”, conclui Santos, “é ainda o da apropriação do conhecimento. Na Economia Solidária, o trabalhador conhece o processo produtivo do início ao fim. De forma semelhante, produção é cultura, e uma cultura colaborativa, que gera liberdade”.
Serviço
IV Feira Mineira de Economia Solidária e Agricultura Familiar de Minas Gerais
Onde: Serraria Souza Pinto (Av. Assis Chateaubriand esquina com Andradas – Centro)
Projeto “Trem Solidário” – 8 a 11 de novembro. Quinta a sábado, das 10 às 21 horas. Domingo, das 10 às 17 horas
Fomentadores: Ministério do Trabalho e Emprego/Secretaria Nacional de Economia Solidária (MTE/Senaes), Ministério do Desenvolvimento Agrário/Secretaria de Desenvolvimento Territorial e Secretaria de Agricultura Familiar (MDA/SDT/SAF), Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), Fundação L’Hermitage/Instituto Marista de Solidariedade (IMS) e Fundação Banco do Brasil (FBB).